sexta-feira, 21 de março de 2008

PF apreende quase uma tonelada de cocaína no interior de SP

A Polícia Federal apreendeu nesta sexta-feira (21/03/2008) aproximadamente uma tonelada de cocaína em Itatiba, a 84 km de São Paulo. A droga, que ainda não foi totalmente pesada pelos policiais, chegava ao Brasil escondida em baterias de caminhão importadas e seria embarcada para Polônia e Holanda. A PF prendeu três pessoas.
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A droga estava em um galpão onde seria enrolada em mantas de chumbo para não ser detectada na alfândega pelos aparelhos de raio-x. No galpão a cocaína era embarcada em contêineres. Dois carregamentos seguiriam na próxima semana para a Europa pelo Porto de Santos.
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Um dos três homens presos cuidava da logística e foi surpreendido pelos policiais federais na zona Leste de São Paulo. Outros dois são do Suriname e eram responsáveis pela segurança do galpão. A Polícia Federal ainda investiga se a cocaína vinha da Bolívia ou da Colômbia. A quadrilha tinha notas de importação das baterias.

Investigação diz que Colômbia lançou 10 bombas de alta tecnologia no Equador

Quito, 21 mar 2008 (EFE). - No ataque colombiano ao acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Equador, em 1º de março de 2008, foram utilizadas dez bombas de alta tecnologia, segundo uma investigação da Força Aérea equatoriana, publicada hoje pelo jornal local "El Comercio".
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Em 6 de março, especialistas em armas da Força Aérea equatoriana iniciaram uma perícia sobre o bombardeio em Angostura, onde estava o acampamento das Farc e onde morreu o porta-voz internacional da organização, "Raúl Reyes", e mais de 20 guerrilheiros.
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De acordo com o relatório dos peritos, foram utilizadas 10 bombas GBU 12 Paveway II de 227 kg, que deixaram crateras de 2,40 metros de diâmetro por 1,80 metro de profundidade, publicou o jornal equatoriano.
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O jornal ainda afirmou que, segundo as especificações do fabricante da bomba GBU 12, a Texas Instruments, o explosivo pode ser guiado por laser, GPS ou tecnologia intersensorial.
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O relatório da FAE diz também que foram encontradas cápsulas de projéteis de calibre 0,50 no setor sul do acampamento, disparadas por metralhadoras de helicópteros que, segundo a Força Aérea equatoriana, fizeram a segurança dos soldados que realizaram a infiltração.
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As bombas utilizadas no ataque são do mesmo tipo que as usadas durante a operação americana Tempestade do Deserto, no Iraque.
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De acordo com o relatório, a maioria das bombas caiu na área de dormitórios e de doutrinamento do acampamento, enquanto as zonas de lavanderia e de treinamento ficaram intactas.Um guia de identificação de armas da Organização do Tratado do Atlântico do Norte (Otan) diz que as bombas GBU 12 podem ser transportadas apenas por aviões A7, A10, B52, F111, F117, F15, F16, F/A 18 C/D, F14 e A6, diz o "Comercio".
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O Ministério da Defesa colombiano afirmou que a Operação Fênix, como foi chamado o ataque à base das Farc em Angostura, usou aviões Super Tucano. No entanto, segundo a Otan, estes aparelhos não estão incluídos entre os que podem levar bombas GBU 12.
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Em dezembro de 2006, a Colômbia comprou - como parte do processo de modernização de sua Força Aérea - 25 aviões Super Tucano fabricados pela brasileira Embraer.
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De acordo com o relatório da Força Aérea equatoriana, o manual de fabricação dos aviões A-29B Super Tucano diz pode levar armas convencionais e inteligentes, como, por exemplo, o míssil Python III, a bomba guiada por laser Griffin ou toda a família de bombas MK 82.
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Além disso, os aviões podem também carregar metralhadoras de calibre 0,50 dentro das asas, assim como os aviões da Segunda Guerra Mundial.
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A Força Aérea equatoriana também descartou de maneira definitiva que no ataque tenham sido usados aviões Kfir, e afirmou que continuará investigando para determinar que tipo de aeronave foi utilizado no ataque.
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Segundo dados da Inteligência Naval, um avião HC-130 saiu da base de Manta (Base Americana), às 19h local de 29 de fevereiro e retornou às 16h30 do dia seguinte, publicou o "Comercio".
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Na base de Manta operam, desde 1999, soldados americanos no centro de operações para a luta contra o narcotráfico na região.
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O presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou que não renovará em 2009 o contrato que permite aos Estados Unidos permanecer na base de Manta.

Posição geográfica coloca Curitiba na rota do tráfico internacional

A posição geográfica do estado do Paraná colocou a cidade de Curitiba - reconhecida como capital ecológica - na rota internacional do tráfico de drogas. Em menos de uma semana a capital paranaense foi alvo de três ações policiais que resultaram em prisões de mais de 10 traficantes e apreensão de grande quantidade de droga - principalmente sintética (LSD e ecstasy).
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A proximidade com o Paraguai e a Argentina e a divisa com as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste deixam o Paraná vulnerável às ações criminosas dos traficantes de drogas. As polícias Federal e Civil têm intensificado o combate ao tráfico, mas o obstáculo está justamente no fácil acesso pelas fronteiras e divisas. E mais recentemente por via aérea.
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Essa é a avaliação dos delegados que coordenaram as recentes operações na cidade e que foram ouvidos pela reportagem. O delegado federal Wágner Mesquita de Oliveira, responsável pela Coordenação de Operações Especiais de Fronteira (Coesf), acredita que além da posição geográfica a tendência é um aumento no consumo das drogas sintéticas - não só em Curitiba. "Curitiba é uma das cidades que tem se mostrado um forte mercado consumidor desse tipo de drogas. As facilidades são inúmeras: alta rentabilidade, o processo fácil destas drogas (até num banheiro) e o fácil transporte", explica Mesquita, que comandou no fim de semana a Operação Alpes - que desarticulou uma rede de internacional de tráfico de drogas chefiada por um paranaense.
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O delegado Cassiano Alfiero, do Núcleo de Repressão ao Tráfico de Drogas, é mais específico: "Claro que a questão geográfica influi, e o consumo no Paraná é cada vez maior, mas as constantes festas de música eletrônica realizadas no estado contribuem para a venda da droga - principalmente ecstasy e LSD". Os locais de venda não se restringem somente as raves. "Já localizamos como pontos de venda bares e casas noturnas, lugares freqüentados por jovens de classe média e alta, que são os maiores consumidores das drogas sintéticas", afirma Alfiero, que coordenou a ação "Conexão Barcelona", na qual foram presas seis traficantes que moravam em bairros nobres da capital.
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Logística da droga
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O delegado da PF e hoje secretário Antidrogas de Curitiba, Fernando Francischini, um dos responsáveis pela prisão do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía, justifica a inclusão de Curitiba no cenário do tráfico internacional de drogas por causa da estrutura da cidade. "Temos um Aeroporto Internacional (Afonso Pena), a proximidade com três dos principais portos do país (Santos, Paranaguá e Itajaí), grandes rodovias que cortam o Brasil que dão acesso aos países de fronteira (Paraguai, Bolívia) e no interior do Paraná temos cravejados aeroportos clandestinos", descreve. A tendência do uso de drogas sintéticas, dita por Mesquita, é compartilhada pelo secretário. "Curitiba é uma cidade rica. Essa droga é consumida pela classe média e alta", completa.
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O Chefe do Departamento de Repressão a Entorpecentes da PF do Paraná, delegado federal Jonathan Trevisan Júnior, acompanhou de perto a ação da PF que resultou na segunda maior apreensão de LSD no Brasil. Ele "desenha", em linhas gerais, o mapa da entrada da droga no Paraná. "O LDS e o ecstasy vem de fora, da Europa. São drogas sintéticas que, até onde a PF sabe, não são fabricadas no Brasil", explica. Já a maconha e a cocaína costumam entrar no Paraná principalmente pela fronteira do Paraguai, pelas divisas com as regiões Sul e Centro-Oeste. "Na região Norte do Paraná e em Mato Grosso há fazendas onde um avião de pequeno porte pode pousar carregado de droga", exemplifica Mesquita.
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"A maconha do Paraguai não é de boa qualidade. A boa vem da fronteira com a Bolívia, dos Andes e do Vale do São Franciso, no Norte do país - conhecido como polígono da maconha", conta Trevisan, citando que a partir daí o transporte é feito via terrestre até Curitiba.
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Os três delegados convergem quando descrevem o perfil dos traficantes que agem no Paraná e no exterior. "Os grandes chefões costumam ficar na Europa, onde a droga é produzida", afirma Mesquita. "E é para prender eles que a PF está trabalhando", completa. Os contatos no Brasil, então, vão até o velho continente para adquirir a droga. "Eles compram em dinheiro ou, em algumas vezes, trocam a droga sintética por maconha e cocaína", diz Alfiero. Francisquini, no entanto, relembra a vida levada por Abadía. "Ele tinha residências em diversas capitais. Inclusive em Curitiba".
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Combate ao tráfico
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Nas três operações deflagradas em Curitiba, a polícia acredita ter desfalcado - tanto em pessoal quanto na questão de drogas - as quadrilhas que atuavam no estado. Para o delegado Alfiero, o comércio de drogas sintéticas é um comércio fechado na capital paranaense. "Acredito ser poucas as organizações especializadas no tráfico internacional de drogas. Para se ter uma idéia, em 2007 a Divisão de Narcóticos (Dinarc) prendeu seis traficantes de LSD e ecstasy. Antes da ação, o LSD era vendido por até R$ 25. Depois da ação, com a apreensão da droga, o preço foi para até R$ 60", diz.
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Tanto a Polícia Federal quanto a Polícia Civil do Paraná garantem estar de olho nesta mais nova modalidade do crime praticada no Paraná. "As fiscalizações, claro, vão ser intensificadas. Mas o foco da PF são os grandes chefões. Você prende o usuário e no dia seguinte ele é 'substituído', o que não acontece na outra ponta da cadeia", conclui Mesquita.