domingo, 30 de março de 2008

História de um Opala 77

Depois de procurar a polícia para comunicar o furto de seu Chevrolet Opala Comodoro ano 1977, na semana passada, o metalúrgico Valdeir Martins, de 36 anos, teve uma surpresa neste fim de semana. No sábado (29/03/2008), o velho carro foi devolvido pelo suposto assaltante, que o rebocou até o lugar de onde tinha sido levado, na frente de um condomínio de prédios populares no Jardim Guadalajara, em Sorocaba, a 100 km de São Paulo.
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Martins mora num dos prédios e deixa o carro na rua porque está sem bateria. A lataria também está em mau estado. O homem apontado como autor do furto, um pintor de 25 anos, disse que pensou que o veículo tivesse sido abandonado e, por isso, o levou, de acordo com a polícia. O pintor trabalhava numa escola nas proximidades e viu moradores de rua usando o carro para dormir. "Eu tinha a idéia de dar um trato nele e usar para trabalhar", afirmou o rapaz. Aconselhado por amigos que souberam que o carro tinha dono, ele decidiu fazer a devolução.
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O pintor usou seu próprio carro, um Chevette azul também velho, para rebocar o Opala. Ele só foi identificado porque, ao colocar o carro no local de onde o tinha levado, esqueceu o celular no banco. Quando voltou para pegar o aparelho, acabou surpreendido pelo dono, que chamou a polícia. O suspeito negou a intenção do furto, alegando que fez a retirada e a devolução em plena luz do dia. O eventual crime será investigado por policiais do 9º Distrito Policial. Para o dono do carro, o caso está encerrado. "Como o carro foi devolvido, ficou tudo bem." Agora, o metalúrgico pensa em arrumar o Opala.

PF procura US$ 35 milhões

A Secretaria Antidrogas de Curitiba divulgou nesta quarta-feira (26/03/2008) fotos de quatro colombianos que podem estar guardando US$ 35 milhões (em notas de dólares e euros) do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía. A quantia pode estar escondida em São Paulo, Curitiba ou Porto Alegre, conforme declarou, em entrevista coletiva, o secretário Antidrogas de Curitiba, delegado federal Fernando Francischini.
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Abadía foi detido no dia 7 de agosto de 2007 num condomínio de luxo na região metropolitana de São Paulo. No fim do ano passado, ele ofereceu os US$ 35 milhões, além de delatar alguns parceiros, em troca de uma série de benefícios, como a extradição para os Estados Unidos. A oferta não foi aceita pela Justiça Federal.
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Mas a extradição foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) neste mês, todavia, sem a entrega da fortuna. A única condição é que os americanos se comprometam a trocar uma eventual condenação à pena de morte ou à prisão perpétua por uma pena máxima de 30 anos, conforme prevê a legislação brasileira.
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Segundo Francischini, o objetivo de divulgar as informações como as fotos e os nomes dos colombianos é estimular denúncias da população. A idéia é achar a fortuna que o traficante guarda dentro de uma caminhonete Toyota, cor preta. O dinheiro estaria com os comparsas Victor Manoel Moreno Ibahara, Cesar Daniel Amarilla (que também usa o nome de Frank Arias Zambrano), Eduardo José Terrada Rubio e Henry Edval Lagos.
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A extradição de Abadía ainda depende de sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que seria um alto negócio para o traficante. “Além de ele poder ganhar a liberdade no futuro, o tráfico colombiano ficaria com um caixa de US$ 35 milhões aqui no país”, disse Francischini. “O presidente precisaria pelo menos condicionar a saída do Abadía à entrega do dinheiro.”
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As fotos dos suspeitos são de investigações feitas pela Polícia Federal em aeroportos e shoppings da capital. Eles estiveram na cidade nos anos de 2006 e 2007. O traficante tinha uma casa no Mossunguê (Zona Oeste) e negócios na cidade, como uma imobiliária usada na lavagem de dinheiro obtido a partir do tráfico de drogas.
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‹ Serviço: Informações sobre os colombianos, que estariam usando documentos da Venezuela, podem ser passadas para o site www.antidrogas.curitiba.pr.gov.br, ao telefone 181 ou à Polícia Federal.

Polícia Federal entra no caso dos desaparecidos

A Polícia Federal deverá participar da força-tarefa que está sendo organizada pelo Ministério da Defesa para tentar identificar, localizar e resgatar os restos mortais dos 58 guerrilheiros do PC do B mortos durante a Guerrilha do Araguaia, entre 1972 e 1975. A proposta foi feita, ontem, durante encontro entre os ministros da Justiça, Tarso Genro, e da Defesa, Nelson Jobim.
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– Temos experts na Polícia Federal para colocarmos à disposição do Ministério da Defesa para o cumprimento fiel da sentença judicial – disse Genro.
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O ministro se refere à decisão da juíza federal de Brasília, Solange Salgado, já definitiva, que determina a abertura dos arquivos das Forças Armadas e a busca de informações junto aos militares que participaram da repressão apontando possíveis locais onde foram sepultados os guerrilheiros.
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Restos mortais
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Pelo menos três peritos da Polícia Federal estarão à disposição para análises dos documentos que estão sendo organizados pelo Exército, Marinha e Aeronáutica sobre as circunstâncias em que os guerrilheiros foram mortos e os possíveis locais onde se encontrem seus restos mortais.
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Tarso Genro disse que a Polícia Federal vai colaborar na montagem da força-tarefa e que poderá também participar de uma expedição, em data ainda não definida, na região onde houve o conflito, sob a coordenação da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República.
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O laboratório do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal é considerado um dos mais modernos e eficientes do mundo tanto na análise de documentos quanto em morfologia ou DNA.
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Na questão dos desaparecidos políticos a PF – a corporação policial mais capacitada e aparelhada do país em investigação – tem apenas atendido requisição para cumprir tarefas pontuais: em 2006 fez buscas no Araguaia para tentar, sem sucesso, encontrar as ossadas da guerrilheira Helenira Rezende e, este ano, tomou o depoimento, em Marabá, de um ex-guia do Exército, Vicente Taveira de Oliveira, que estava de posse de um fuzil calibre 22 usado na guerrilha e de onde teria partido o tiro que matou a guerrilheira Valquiria Afonso da Costa.
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As buscas foram feitas em período das chuvas, que é inadequado, e o depoimento do ex-guia não foi além de um registro formal de entrega da arma. A direção da PF sempre se prontificou a colaborar, mas a Comissão de Mortos e Desaparecidos, vinculada a SEDH, se recusava sob o argumento de que o órgão havia integrado as forças da repressão à esquerda armada. Em vez de usar o laboratório da PF, a SEDH contratou um laboratório particular, o americano Genomic Engenharia Molecular, para realizar exames de DNA em ossadas de supostos desaparecidos.
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Em entrevista ao Jornal do Brasil, na semana passada, o tenente da reserva José Vargas Jiménez disse que os guerrilheiros presos ou mortos durante o período em que ele comandou um dos Grupos de Combate, entre outubro de 1973 e fevereiro de 1974, eram levados para as bases militares de Bacaba, em São Domingos do Araguaia, Casa Azul (área onde atualmente está o Denit), em Marabá, ou em Xambioá.
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Fonte: Jornal do Brasil